sábado, 8 de agosto de 2009

prazer em servir.

Com o anoitecer, saio do trabalho e encontro M. Applegate na Avenida Graça Aranha. Pensamos nas opções para o happy hour. Minha aposta é no OsBar, bem perto daqui. Comento com minha amiga que estou curiosa para conhecer o lugar, que, de um boteco pé-sujíssimo, transformou-se recentemente num pé-limpo concorrido na hora do almoço, com fila grande na porta. Apesar do barulho dos veículos, sentamos numa mesinha na calçada. É quinta-feira e o boteco está cheio. Caixas de som levam a trilha sonora – rock e blues – até os clientes sentados do lado de fora. A decoração surpreende. É pretensiosamente pop: posters de Janis Joplin com seios desnudos, dos Beatles com roupa de banho e de Louis Armstrong e seu trompete. Há eletrodomésticos antigos dispostos nas prateleiras da casa, como liquidificadores Wallita coloridos (que nossas avós possuíam), cafeteiras com estampas florais, moedores de carne e uma vitrola portátil que me faz relembrar os primeiros longplays que escutei na infância. Também nos surpreendemos com velhíssimos cascos de guaraná Skol, de um tempo em que a gente tinha que levá-los vazios para trocá-los por cheios nos bares... Nem preciso dizer que acabamos nos perdendo nos minutos, observando as “atrações” decorativas do OsBar...
Abrimos o cardápio. Cachaça parece ser uma especialidade da casa. Uma dose da Anísio Santiago custa 25 reais; a garrafa sai por 280 reais. A mais cara é a Havana: 50 reais a dose e 500 reais a garrafa. Mas os preços do OsBar são bem em conta. Há dois itens no cardápio a 1 real: pão na manteiga e cafezinho...
No almoço, tem comida para todos os gostos: angu à baiana, bobó de camarão, feijoada, costela com aipim... Mas, à noite, o Osbar é um lugar para se beber. Licores, caipirinhas, bebidas puras como anis, grappa e bagaceira são servidas ao som do rock e do blues.
Pedimos uma cerveja, que chega bem gelada. Applegate come pastéis e eu encaro um filé aperitivo. Tudo muito bom. O lugar vai enchendo de gente. Mais mesas na calçada são a solução. O atendimento é muito atencioso. É bom ver gente que parece ter o prazer em nos servir. E que faz o seu trabalho com presteza. É o caso de Tita, um dos sócios do lugar. Ele nos conta que há uma outra filial do bar na Rua Senador Dantas. Ficamos de conferir mais tarde.
Já no fim da noite, eu e Applegate lembramos que amanhã tem mais um dia de trabalho. Hora de levantar acampamento. Recordamos que passamos a maior parte de nossa existência no ambiente de trabalho. E confabulamos sobre como é bom conviver em harmonia com os colegas de profissão... Uma harmonia que é possibilitada pela existência do Osbar, um oásis em meio à selva de prédios corporativos do Centro do Rio.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

amor e café.

Nós merecemos um ou dois segundos para refletir para onde a vida está nos levando. Isso se torna apenas um pretexto para seguirmos na direção de um café. Buscamos opções pelas redondezas de nosso bairro – Laranjeiras -, mas elas deixam a desejar. Adeptas da vida simples, seguimos a pé até Botafogo, onde encontramos o Mio Caffé, dentro de um shopping.
Quando penso em tomar café, sinto o desejo de entrar numa cafeteria que me proporcione aconchego, clima intimista, e que me permita observar, também, gente à minha volta. Apesar de estar localizado no hall de um shopping, o Mio Caffé tem o seu charme. Tudo é muito bem cuidado, desde a concepção visual do espaço até as guloseimas propriamente ditas. Além disso, a proprietária Alexandra capricha no atendimento.
E é então que M. Applegate, ao abrir o cardápio, perde-se entre milhares de combinações para um mesmo tema: o café. Porque, além das opções disponíveis no menu, você pode criar as suas, escolhendo, além do café, acompanhamentos como leite, caldas, sabores e complementos como chantilly, marshmallow, Nutella e doce de leite. O cardápio ainda oferece opções interessantes, como café com álcool (o café correto, com cachaça, é delicioso), chás (incluindo o chá com leite vaporizado) e sugestões geladas como shakes de café ou chocolate com chantilly.
Não há jeito: minha amiga é auxiliada por Alexandra, que dá explicações sobre as bebidas, com a maior solicitude. Optamos pelo cappuccino trufado e pelo cappuccio (espresso com marshmallow e chocolate cremoso). Como acompanhamento, comemos torradas gratinadas com parmesão (americana) e com queijo minas e óregano (mineira).
O café do Mio Caffé vem, curiosamente, do Estado do Rio. Alexandra nos conta que já participou por duas vezes de campeonatos de baristas, obtendo segundo lugar. A casa oferece o Delicatto – blend aromático capaz de agradar apreciadores de um café mais suave e elegante – e o Bravo um blend mais complexo, rico em sabores e aromas de frutas, nozes e chocolate, para apreciadores de um café mais encorpado.
É uma tarde feliz, pondera M. Applegate. Aproveitamos para conversar sobre relacionamentos, claro. Absorvidas pelo sabor dos cafés, concluímos que a mais bela história de amor está dentro de cada um. Observamos Alexandra. Sua história de amor é com o café. Sem conhecimento de causa – ela não era barista quando abriu seu negócio -, mas com a determinação dos amantes, hoje desfruta do prazer que sua cafeteria lhe dispensa.
Sorvemos o copinho de água mineral gasosa (o gás dilata as papilas gustativas, limpando o paladar) e tomamos mais café. A hora aperta. Tenho que buscar a filhota na escola e Applegate segue para resgatar seu surdo (hoje é dia de show). Despedimo-nos. Sigo pensando para onde estamos levando a vida. Mas isso é um pretexto para o próximo café.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

o baiacu e a galinha.

Estamos em busca de uma boa mesa que enriqueça nosso animado bate papo. Combinamos então de explorar o centro histórico da cidade. Vamos em busca de algum lugar interessante para o happy hour. Caminhamos pelo centro do Rio. É quinta-feira e M. Applegate me busca no trabalho.
É incrível como, à noite, a paisagem muda no Centro. Antes do anoitecer, as ruelas mal pavimentadas são tomadas pelo povo que trabalha e circula com pressa. Depois das 19h, mesas e cadeiras são colocadas na rua e os boêmios fazem a festa. São vários bares, praticamente um ao lado do outro, lotados de gente.
E cá estamos nós, sentadas em uma mesa capenga da "Toca do Baiacu", ao lado de outras dezenas de clientes. O garçom quase acaba com o nosso entusiasmo. O garçom: só um rapaz serve as mesas, completamente mal humorado. Pensamos em desistir. Mas o moço leva um puxão de orelha de nossa parte (nada como perguntar o nome do malcriado e fazer uma brincadeira), servindo-nos mais solícito.
A cerveja é Original, ultragelada, o que nos causa grande prazer. O clima é quente, tem gente jovem por todo lado. Mordiscamos honestos bolinhos de camarão e recebemos a visita de R. Eckhart, que acaba nos ajudando na missão de escolher o nome para este blog.
E bem ali, cercados por um casario antigo belíssimo da Ouvidor, naquela noite quente que já anuncia chuva, desfrutamos da combinação cerveja-petisco-alegria... Para meu desespero, uma barata enorme resolve acariciar meu pé esquerdo. Seguindo meus instintos, dou um pulo a la Leny Dale e grito, apavorada. Pânico, arrepios e uma pergunta: por que os botequins do Rio não dedetizam suas calçadas?
Só sossegamos quando R. Eckhart nos faz uma sugestão incrível: "Adotem uma galinha. A bichana come todos os insetos que vê pela frente. Assim vocês não correrão mais o risco de lidar com as cascudas". Será que elas aceitam coleiras?